Adeus a Candido Mendes

Um dos maiores intelectuais brasileiros, o acadêmico Candido Mendes de Almeida morreu, aos 93 anos, na tarde do dia 17 de fevereiro, no Rio de Janeiro, vítima de embolia pulmonar.

Professor, educador, advogado, sociólogo, cientista político e ensaísta, sua voz potente transmitia convicções firmes. Atuou como professor universitário (assistente, titular, chefe de Departamento) nas universidades: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRJ); Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getulio Vargas (FGV); Faculdade de Direito Candido Mendes; Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro; Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ). Foi reitor da Universidade Candido Mendes (1997).

Possuía ainda uma extensa atuação como professor visitante em universidades do exterior, como Brown University, New York University,New Mexico University, University of California (LA), Stanford, Columbia e Harvard, entre outras.

O professor também foi membro do Conselho de Cooperação Educacional com a América Latina, do Education and World Affairs (1968), membro do Conselho Diretor do International Institute for Educational Planning (IIEP) – 1976-85 e presidente do Comitê de Programas do International Social Science Council (ISSC), 1974 – órgão representativo das organizações não governamentais de Ciências Sociais reconhecidas pela UNESCO e presidente do Instituto do Pluralismo Cultural, entre outros.

Várias personalidades lamentaram a morte. O presidente da ABL, Merval Pereira, determinou o cumprimento de luto de três dias e que a bandeira da Academia fosse hasteada a meio mastro: “Foi um dos principais intelectuais brasileiros lutando contra a ditadura militar. Criou um dos principais centros de pesquisas social e política do Brasil, o IUPERJ. E, à frente da Academia da Latinidade, que reunia expoentes e intelectuais de vários lugares do mundo, como Alain Touraine, Edgar Morin, Hélio Jaguaribe, Jean Baudrillard e Renato Janine Ribeiro, fazia seminários internacionais, debatendo as principais questões do mundo.



“Era sempre um ativista no sentido de ajudar, na medida das suas possibilidades – e eram muitas, porque Candido Mendes era múltiplo – a melhorar a situação do país e do mundo”, lamentou o jornalista. O acadêmico Joaquim Falcão afirmou: “Candido Mendes foi líder da democracia onde atuou. Líder cristão, além do apenas católico. Tinha a ousadia da coragem do pensar, e do fazer. Era um fazedor de compreensões sobre nós mesmo. Ele nos explicava. Espelho das liberdades necessárias.”

Na Casa de Machado, foi o quinto ocupante da cadeira nº 35, tendo sido eleito em 24 de agosto de 1989, na sucessão de Celso Cunha. O advogado tomou posse em 12 de setembro de 1990. Entre as obras publicadas, destacam-se: Nacionalismo e Desenvolvimento (1963), O País da Paciência (2000), Subcultura e mudança: Por que me envergonho do meu país (2010), A Razão Armada (2012), entre outras.

Deixou viúva, a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo, além de quatro filhos e cinco netos.

Por Manoela Ferrari