A Eternidade do Poeta Thiago de Mello

“Como quem reparte pão, como quem reparte estrelas, como quem reparte flores, eu reparto meu canto de amor. Com uma estrofe apenas, eu me despeço – para permanecer com vocês. Me despeço para permanecer.” Esse pronunciamento do poeta amazonense Thiago de Mello foi há cinco anos, durante um evento na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, em comemoração aos seus então 90 anos.

Com obras traduzidas para mais de 30 idiomas, um dos poetas mais respeitados do país, morreu em Manaus, no último dia 14 de janeiro, aos 95 anos, de causas naturais. Autor de obra icônica, alcançou reconhecimento internacional sem perder de vista o caráter regionalista.

Nascido em Porantim do Bom Socorro, no município de Barreirinha, no interior do Amazonas, em 30 de março de 1926, Thiago foi um dos escritores mais influentes do Brasil. Ficou famoso por usar a poesia para dar visibilidade não só às questões relativas à floresta, mas também aos direitos humanos.

Seu poema mais conhecido, Os estatutos do homem, se espalhou pelo mundo: “Fica decretado que agora vale a verdade/ que agora vale a vida/ e que de mãos dadas/ trabalharemos todos pela vida verdadeira”, diz a primeira estrofe. Aos 20 anos, depois de passar a adolescência em Manaus, Thiago de Mello mudou-se para o Rio de Janeiro para fazer faculdade de medicina, mas trocou o curso pela carreira literária. Aos 21, lançou seu primeiro livro de poesia, Coração da Terra.

Em 1950, publicou o poema Tenso por meus olhos na primeira página do Suplemento Literário do jornal Correio da Manhã. Em 1951, veio Silêncio e palavra, livro acolhido pela crítica. Em seguida, lançou Narciso Cego, em 1952, e A Lenda da Rosa, em 1957.

Por Maria Cabral