Janeiro, 2022 - Edição 275

Posse na Academia Brasileira de Cultura

A cerimônia de posse dos 50 membros da Academia Brasileira de Cultura aconteceu no último dia 1º de dezembro de 2021, na sede da Fundação Cesgranrio, no Rio Comprido. A mesa da sessão inaugural foi composta pelo presidente da instituição, Carlos Alberto Serpa (também presidente da ABC), junto com o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, o deputado federal Marcelo Calero, a atriz Christiane Torloni e o imortal da Academia Brasileira de Letras Arnaldo Niskier.

Na solenidade, os acadêmicos foram empossados, receberam os diplomas e fizeram o juramento, com discurso de agradecimento aos seus patronos. Com o auditório lotado, muito aplaudido, o presidente Carlos Alberto Serpa, referência em educação e cultura no país (além de presidente da ABC e da Fundação Cesgranrio, é diretor da Casa Julieta de Serpa e presidente da Associação Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro), destacou a importância da união, proteção e incentivo do setor: “Juntos teremos força. Nossos ideais hão de prosperar. E de mãos dadas, mercê da nossa experiência em cada área da cultura, a faremos eternamente presente na vida de nossos conterrâneos, protegendo e incentivando a todos que, como nós, dedicamos nossa vida à Cultura, em suas diferentes formas. Em conjunto, nascemos com forte ideal”, afirmou. O diretor-presidente do JL, acadêmico Arnaldo Niskier, fez uma homenagem ao “Pai da literatura infantil” no Brasil: “Meu patrono, Monteiro Lobato, foi uma inspiração e o responsável pelo meu amor à literatura brasileira e pela cultura do Rio de Janeiro. Tenho muito orgulho de fazer parte desse grupo e espero honrar com minha atuação”, afirmou.

A atriz Beth Goulart relembrou suas raízes artísticas e declarou sua esperança em relação ao futuro: “Dando seguimento ao amor à arte de toda minha família, pretendo seguir atuando em prol à cultura brasileira. Espero que os nossos encontros sejam cheios de ideias para erguer a cultura do nosso país. Tenho fé em dias melhores”, foram algumas das palavras da filha dos saudosos Nicete Bruno e Paulo Goulart.

O dançarino e coreógrafo Carlinhos de Jesus também não escondia a emoção: “Estou muito emocionado por estar ao lado de Ana Botafogo e Dalal Achcar, referências na minha vida. Tenho a honra de ter, como patrona, Antonieta de Souza, que foi um exemplo de vida para mim e para tantas outras pessoas. Eu divido esse fardão com minha mulher, Raquel, e com minha filha, Tainá, minhas grandes apoiadoras. Contem comigo para enaltecer a dança popular”, prometeu um dos representantes da “Dança Contemporânea”.

O estilista Carlos Tufvesson homenageou sua herança genética: “É uma honra ter, como patrona, Mena Fiala, uma estilista conhecida pela sua perfeição. Aprendi meu ofício com minha mãe, Gloria Pires Ribeiro, outra estilista fantástica que se dedicou à moda carioca. Em um momento em que o amor à cultura é questionado em nosso país, é de grande importância a criação dessa academia. Estou muito feliz por fazer parte da ABC e poder representar os profissionais da moda nessa casa.”

A atriz Christiane Torloni destacou a importância da iniciativa e lançou sua primeira proposta: “Esse é momento especial em que nos reunimos pela cultura, pelo Brasil. Isso me inspira em seguir adiante. O convite para fazer parte dessa academia é um desafio. Ocupar a cadeira da Marília Pera é uma honra indescritível, pois ela deixou em mim uma marca indelével. Estreei em 1979 no teatro, quando ela estreava como diretora. Eu me dedicarei com coragem para lutar pela cultura brasileira. Já aproveito para propor a reabertura do Teatro Villa Lobos.”

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, estava presente. O cardeal arcebispo Dom Orani João Tempesta abençoou a ABC, “respeitando a diversidade religiosa de cada um” e pedindo proteção aos acadêmicos e seus familiares. Ao final da cerimônia, o hino da Academia Brasileira de Cultura foi executado pela cantora Taty Caldeira, acompanhada pelo maestro Cyrano Salles. Em seguida, a cantora Carla Rizzi e o violinista Willian Isaac apresentaram a aria Habanera da ópera Carmen de Bizet e a música “Deixa a vida me levar”, de autoria de Serginho Meriti e Eri do Cais, um marco na carreira do acadêmico Zeca Pagodinho. O cantor se levantou e participou da apresentação: “Vejam aonde o samba chegou”, – disse Zeca, emocionado com seu fardão.

Fardão

Confeccionado nas cores vinho e dourado pelo Instituto Zuzu Angel, o fardão dos confrades representa o amor e a riqueza de espírito. A veste é acompanhada por um medalhão criado pelos artistas Welton Moraes e Victor Zott, em que estão representados símbolos brasileiros, tais como: a folha de guaraná (verde), a palmeira (dourado), os bicos de tucano (amarelo e preto) e um pandeiro estilizado (centro e semicírculos em azul).

Membros

Artes Plásticas: Gonçalo Ivo, Mário Mariano e Marli Azeredo
Produção Cultural: Marcelo Calero, Ricardo Cravo Albin, Eduardo Barata, Carlos Alberto Serpa de Oliveira, Claudio Magnavita, Leandro Bellini e Myrian Dauelsberg
Música Clássica: Isaac Karabtchevsky e Carol Murta Ribeiro
Canto Lírico: Fernando Portari
Moda: Hildegard Angel, Elizabeth Serpa, Margareth Padilha e Carlos Tufvesson
Atrizes: Jacqueline Laurence, Lilia Cabral, Christiane Torloni, Rosa Maria Murtinho e Beth Goulart
Religiosos: Cardeal arcebispo Dom Orani João Tempesta O. Cist.
Atores: Stepan Nercessian, Ney Latorraca, Wolf Maya e Eriberto Leão
Música Popular Brasileira: Elza Soares, Zeca Pagodinho e Elba Ramalho
Museologia: Vera Tostes
Literatura: Eva Doris Rosental, Gabriel Chalita, Nélida Piñon, Roberto Halbouti, Arno Wehling, Marcos Vilaça, Arnaldo Niskier, Domício Proença Filho e Walcyr Carrasco
Poesia: Elisa Lucinda
Apresentador: João Kleber e Fátima Bernardes
Dança Clássica: Ana Botafogo e Dalal Achcar
Dança Contemporânea: Debora Colker e Carlinhos de Jesus
Cinema: Luiz Carlos Barreto e Lucy Barreto
Antiquário: José Newton Cunha

Por Manoela Ferrari