Dezembro, 2021 - Edição 274
Jornalismo livre e crítico
Os jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Muratov, da
Rússia, ganharam o Prêmio Nobel da Paz de 2021 por seus esforços para
defender a liberdade de expressão.
A Academia Real das Ciências da Suécia anunciou que ambos
foram premiados pelos esforços para defender a liberdade de expressão
e de informação, “pré-requisitos essenciais para a democracia e a paz
duradoura”, conforme afirmou o comitê sueco.
Segundo a Ong “Repórteres Sem Fronteiras”, o livre exercício do
jornalismo é cerceado total ou parcialmente em 73% dos 180 países avaliados.
No Brasil, por exemplo, todos conhecem a hostilidade do governo à imprensa,
assim como a pressão sobre anunciantes e a promoção
de notícias falsas.
Num momento de ascensão de autoritarismo em diversas partes
do mundo, onde a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam
condições cada vez mais adversas, o Prêmio Nobel da Paz, este ano,
pode ser entendido como um ato a favor de um jornalismo livre, crítico
e baseado em fatos.
Os dois jornalistas ajudaram a fundar veículos de comunicação
independentes em seus países e vão dividir o prêmio. Ambos vêm
enfrentando não só repressão, como violências.
Dmitry Muratov é um dos fundadores de um jornal russo, o
Novaya Gazeta (novayagazeta.ru), que já teve seis jornalistas assassinados,
desde que foi lançado, em 1993. Editor-chefe da publicação desde
1995, apesar das mortes e ameaças, recusou-se a abandonar a política
independente do jornal.
Coragem é também um atributo que não falta à filipina Maria
Ressa. Por meio do “Rappler”, empresa de mídia digital que ajudou a
fundar, ela se notabilizou por revelar casos de corrupção envolvendo
expoentes do governo do seu país. Foi, igualmente, uma voz pioneira
a denunciar os abusos da guerra às drogas encampada pelo presidente
filipino Rodrigo Duterte, que, nos últimos anos, deixou mais de 12 mil
mortos. As consequências que a jornalista amargou por seu trabalho
não foram poucas. Em 2019, Ressa foi presa sob acusação de violar uma
controversa legislação contra “difamação cibernética”. Atualmente, está
proibida de deixar as Filipinas.