Setembro, 2021 - Edição 271
Homero Massena
O genial e rebelde Homero Gabirobetz Massena (1886-1974) é o expoente
máximo no cenário das artes da nossa Vila Velha do Espírito Santo. Nasceu em
Barbacena, Minas Gerais, mas adotou Vila Velha como sua cidade preferida,
e, com certeza, foi reconhecido por amar tanto a nossa terra, tendo recebido
o título de cidadão espírito-santense e muito carinho dos admiradores de sua
produção artística.
Foi prefeito da cidade de Bonfim-MG, foi afinador de piano, relojoeiro,
saltimbanco, redator de jornal etc. Formado em odontologia, por exigência do
seu pai, Massena jamais exerceu a profissão, sua paixão maior era a pintura, as
artes, a natureza. Pintou desde os 15 anos, deixando um legado artístico maravilhoso, tendo mais de dez mil telas espalhadas pelo país. Sua arte explode nas
pinceladas, que em um primeiro momento podem parecer despreocupadas
com o primeiro plano, mas transmitem ao expectador várias imagens, dependendo do ângulo e distância da obra.
Teve a sua arte exposta na galeria Rembrandt, em Paris, no período de
1906 a 1909, e em 1930. Noticiava a imprensa em 1939: “Poucas vezes tivemos
a oportunidade de nos deleitar num ambiente de pura arte como a que ora se
apresenta. Homero Massena, nome consagrado na vida nacional, como uma de suas impressões de mais alto e honesto valor, pondo em seus quadros pedaços
do Brasil que ele vai vendo e que sabe fazer ver como verdadeiro artista que é.”
A crítica da época era unânime em afirmar: “Massena surpreende, no
que o termo valha na maior força e significação tanto aos leigos quanto aos
entendidos em arte. Artista de processos simples, e por isso mesmo, legitimante belo, as suas pinceladas são precisas, largas e limpas. Não existem distorções para reverenciar o inédito. Nem tão pouco se oferecem ‘chromos para
enternecer o vulgar.”
Kleber Galveas, um dos idealizadores do Museu Atelier Residência
Homero Massena, artista plástico capixaba e seu pupilo, afirma: “a obra de
Massena possui unidade, que é produto de uma sensibilidade que se mantém por mais de um século, que transcende ao dualismo vertical-horizontal
da tela, e ganha profundidade no espírito do intelectual como no mais rude
observador, não é apenas um patrimônio histórico da nossa cultura, é universal, é Arte.” Galveas luta para a manutenção do acervo e divulgação das obras
de mestre Massena; hoje é um grande especialista na restauração dos muitos
“Massenas” que recebe, necessitando de cuidados, em seu ateliê, na cultural
Barra do Jucu, terra dos tambores de Congo e imortalizada pela “Madalena do
Jucu”, música de Martinho da Vila.
Os visitantes poderão contemplar pequenos detalhes da vida do Massena,
quando a casa onde viveu, transformado em museu, reabrir após a sua restauração. Lá estarão: os seus óculos, seus pincéis, inúmeras cartas, livros, diplomas, e as camas do casal separadas por causa da idade e da doença, onde ele
e a sua Edy dormiam, separados, mas tão juntos, dando a impressão de que
eles ainda habitam este lugar. As marcas do amor do casal estão espalhados
por toda a casa, nos afrescos das paredes, nos diversos pássaros desenhados
sobre finas rachaduras nas paredes, genialmente aproveitadas como galhos de
imaginárias árvores. Simplesmente genial