Agosto, 2021 - Edição 270
Sob o Céu de Belo Horizonte
Jornalista, cronista, ficcionista e memoralista, Pedro Rogério
Moreira já apresenta ao público leitor uma vasta bibliografia. Filho
da Sra. Ibrantina Brandão Couto Moreira (Dona Brante) e do escritor
Vivaldi Moreira, foi criado na convivência com a vasta e seleta biblioteca
do pai (vinte mil volumes), em Belo Horizonte, onde nasceu em 1946.
A partir de 1978 (e durante praticamente uma década), trabalhou
na TV Globo, produzindo reportagens sobre a Amazônia e o tumultuado garimpo de Serra Pelada. Na editoria de esportes, cobriu a Copa do
Mundo da Espanha, em 1982.
Seus tios Édison (poeta) e Pedro Paulo Moreira eram os proprietários da Livraria Itatiaia, na capital mineira, onde ele trabalhou como
balconista e travou contato com vários escritores mineiros em grande
atividade nas décadas de 1960 a 1980.
Começou a carreira de jornalista no final da década de 1960,
em São Paulo, como redator da Última Hora. No Rio de Janeiro, fez
reportagens para A Notícia. Trabalhou no SBT, Rádio Globo, Radiobrás,
Jornal do Brasil. Foi diretor de marketing do Senado Federal, assessor da
Presidência da República e técnico do Sebrae. Publicou artigos e crônicas em jornais e revistas de Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
É casado com Yara Ulles Moreira. O casal mora em Brasília há muitos
anos. Pedro Rogério publica crônicas e artigos no Jornal da ANE –
Associação Nacional de Escritores e na Revista da Academia Mineira de
Letras. Publica também crônicas e artigos pela internet.
Nosso autor detém a elevada honra de ser o sucessor de seu
pai, Vivaldi Moreira, na cadeira nº 38 da Academia Mineira de Letras.
Cumpre destacar que, pelos seus relevantes serviços, Vivaldi Moreira foi
aclamado por seus pares como Presidente Perpétuo da Academia, que
conta com o amplo Auditório Vivaldi Moreira.
Já é fecunda a bibliografia de Pedro Rogério Moreira. Eis os títulos
de seus livros:
Hidrografia Sentimental – Aventuras sem malícia de um repórter
na Amazônia;
Bela Noite para Voar – Um folhetim estrelado por JK;
Jornal Amoroso – Edição vespertina;
Amor a Roma, Amor em Roma: diário de viagem em companhia de
Afonso Arinos e Cyro dos Anjos;
Almanaque do Pedrim;
Fortuna Biográfica de Vivaldi Moreira;
Diário da Falsa Cruz de Caravaca;
Memórias da Diverticulite;
Palavras Cruzadas (em parceria com Renato Sampaio);
Geografia Sentimental de Miguel Torga em Minas;
Passeio pela Magia na História de Carlos Magno.
Em preparo, o autor tem mais duas obras: O Livro de Carlinhos
Balzac (novela) e O Livro de Curiosidades da Bíblia, um amplo e substancioso repertório do Antigo e do Novo Testamentos.
Sob o Céu de Belo Horizonte foi editado pela Thesaurus, de Brasília,
em 2020, com capa de Victor Tavares e programação visual de Cláudia
Gomes. Tem 333 páginas e é dedicado aos escritores Manoel Hygino
dos Santos, Letícia Malard, Caio Boschi, Olavo Romano e Edmílson
Caminha.
Na segunda orelha do volume, o próprio Pedro Rogério Couto
Moreira esclarece: “Permanecendo fiel ao memorialismo, o autor agora
reaparece Sob o Céu de Belo Horizonte, um diário de leituras, tendo
como fio condutor romances e livros de memórias, todos de escritores
de sua predileção que retratam a cidade natal, desde o arrasamento do
arraial do Curral del Rey em 1894 aos dias atuais.”
De fato, o livro é calcado em obras de importantes romancistas
e memorialistas mineiros e seus personagens, desde os primórdios da
nova capital das Minas Gerais. Muitos desses autores Pedro Rogério
conheceu e privou de sua amizade, dentre eles Eduardo Frieiro, Moacyr
Andrade, Cyro dos Anjos, Fernando Sabino, Ricardo Gontijo, Roberto
Drummond, Odin Andrade, Sylvio Miraglia, Mário Palmério, Euryalo
Canabrava, Geraldo França de Lima, Pedro Nava, Afonso Arinos de
Melo Franco. Outros autores focalizados são Benedito Valadares, Aníbal
Machado e Avelino Fóscolo.
Excepcionalmente bem planejado, bem concatenado e bem escrito, esse livro encantará mesmo a leitores sem maiores aproximações
com os autores e obras trazidos à colação, com as ruas, logradouros e
paisagens de Belo Horizonte, com as numerosas situações (dramáticas
ou cômicas) apresentadas. Fotos notáveis ilustram o volume.
Pedro Rogério se confessa, mais de uma vez, um leitor voyeur, e
nessa condição compartilha com os leitores desse seu livro um vasto
elenco de leituras, fatos, sensações, cenários. O memorialista, como
Heródoto, caminha sempre no chão da História, afinal de contas. Seu
amigo novelista Otto Lara Resende disse um dia a Pedro Rogério: “A
memória é a mãe da História.” É dessa memória, pessoal e alheia, que
é feito esse maravilhoso livro. É com nostalgia que o autor belo-horizontino encerra o livro, que contém muito da vida boêmia e literária
da capital de Minas. Recomendo a leitura. O livro pode ser encontrado,
em Brasília, na livraria Sebinho, na 406 Norte. O leitor gostará de viajar
nesse trem da memória, com o experiente maquinista voyeur Pedro
Rogério Couto Moreira.