Julho, 2021 - Edição 269
A educação pós-pandemia
A futurologia é uma ciência tão fascinante quanto arriscada. Em
momentos de transformações profundas como o atual, muita gente se
põe a imaginar como será o mundo após a pandemia. Como professor e
empreendedor em educação, sou um observador atento e gosto de prestar atenção a sinais que, se não determinam irrefutavelmente o que virá,
nos fornecem pistas seguras para antever o futuro próximo.
Pinçarei trechos de duas análises recentes que circularam recentemente e que você provavelmente já viu, mas talvez não tenha se detido
aos detalhes. O primeiro é um dos tradicionais anuários da inglesa The
Economist, The world in 2021 (O mundo em 2021), onde a revista lista
20 forças que moldarão o mundo pós-Covid e pós-Trump. Eis o que vem
por aí, segundo a publicação: “A educação nunca mais vai voltar a ser
igual. Torna-se cara a cara, mas tecnologicamente adaptável. Cada um é
o que precisa. Estudar off-line e on-line será normal. Escolas e universidades são transformadas em um esquema híbrido para sempre.”
A segunda vem da rede social LinkedIn, que divulgou um guia
de 20 grandes tendências batizado de Big Ideas 2021. Os editores do
LinkedIn News destacam o surgimento de um novo conceito de viver
no espaço urbano: o das cidades de 15 minutos, criado pelo professor
australiano Frederik Anseel. “Já pensou em morar a 15 minutos, a pé ou
de bicicleta, de tudo que você precisa?”, indaga o LinkedIn. “Com a pandemia, foi possível vislumbrar que diversas categorias podem trabalhar
de suas casas, promovendo uma remodelação da mobilidade urbana. O mundo vai ver cada vez mais ciclovias temporárias, com comunidades
se formando em torno de pequenos centros. Grandes cidades como Paris,
Londres e Sydney poderão se tornar vastas áreas urbanas constituídas de
algumas comunidades menores, cada qual com o seu próprio centro.”
Não é preciso ser um futurólogo para constatar que essas são
mais do que duas tendências. São realidades. Com o que aprendemos na pandemia, a educação definitivamente derrubou a barreira da
presencialidade e morar em uma cidade de 15 minutos se tornou tão
desejável quanto essencial. E tudo isso reforça a contemporaneidade de
um ambiente que hoje abriga mais de 7 milhões de estudantes universitários no país e só cresce: o ensino a distância (EAD). Para demonstrar
isso, hoje há mais alunos on-line no ensino superior brasileiro do que no
regime presencial.
No universo do EAD, existe um ator indispensável e cada vez mais
posicionado a menos de 15 minutos de distância do aluno: o Polo de
Apoio Presencial, local onde acontecem etapas obrigatórias como provas, tutoria dos conteúdos e atividades nos laboratórios. É o lugar da
aproximação humanizadora, onde o aluno é recebido e se sente de fato
parte integrante de uma formação. A dimensão social tão enriquecedora
para o desenvolvimento do aluno se exerce no polo.
Enquanto se desenha a educação do futuro, basta olhar e ver que a
tecnologia, a mobilidade e a humanização – três ingredientes indispensáveis para um ensino de qualidade – já estão presentes no modelo oferecido por muitas instituições no regime EAD. Nesta realidade, os Polos
de Apoio Presencial se tornam o local onde o aluno viverá uma experiência acadêmica, pedagógica e também de interação social e construção
de networking, tão necessária no mundo moderno. Se o futuro é logo ali,
então os polos já estão no futuro.