Junho, 2021 - Edição 268

Ironia para o Homo Sapiens

Que soluços golpeiam o cristalino cristal da vida!
E... eis que no ritmo do percurso
O TEMPO se alonga
A VIDA se esvai
O CORAÇÃO estremece flutuante de espera
OS PÉS gaguejam ao mover
AS PISADAS massageiam os caminhos com suavidade
AS PALAVRAS se escondem no olvido
AS MÃOS enrijecem e trêmulas desfolham as rubras rosas
O ROSTO se transforma em quem é e era
A PELE borda labirínticas formas
A VOZ se abranda na rouquidão de Cronos
O TORSO se curva para não ver o límpido azul do céu
AS VEIAS dificultam o fluir do néctar efervescente
A TERRA se enriquece ...
e quem
tanto sabe
nunca encontrou o infinito
de sua frágil trajetória.

Por Ester Abreu Vieira de Oliveira - Professora Emérita da Ufes e presidente da Academia Espírito-santense de Letras.