Março, 2021 - Edição 265
O que significa ser alfabetizado em nosso país?
Que importância é dada por cada pessoa à sua alfabetização? O
que é ser alfabetizado em nosso país? Para quem é alfabetizado e a teve
na idade certa, nem consegue imaginar o que seria de sua vida sem o
domínio da leitura e da escrita, já que essas atividades são naturais no
dia a dia e em diversas práticas corriqueiras.
Esse cenário muda completamente quando tratamos das pessoas não alfabetizadas.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o Brasil conta com 7% da sua população analfabeta, isso transformado em números equivale a 11,5 milhões de pessoas que vivem
sem conseguir reconhecer informações simples e úteis em seu cotidiano, já que esses dados equivalem ao analfabeto completo, não aqueles
que sabem escrever seu nome e ler e escrever algumas palavras. Diante
disso, se faz necessário lembrar que, por trás das pessoas que não foram
alfabetizadas, há sempre um senão social que as impediram de frequentar a escola. Como exemplo, podemos pensar nas pessoas que vivem
muito distantes e não têm locomoção para chegar a elas; nas muitas
famílias que não puderam matricular seus filhos, pois necessitavam de
seus serviços braçais, embora ainda menores de idade; nos tantos brasileiros que acabaram vivendo nas ruas correndo atrás de esmolas para
não morrerem de fome, dentre tantos outros casos.
Motivos para o não acesso à alfabetização são muitos, mas as
ações para diminuir esse número ainda não demonstram resultados
para uma queda significativa. A meta de número 9 do Plano Nacional de
Educação tem como objetivo elevar a taxa de alfabetização e atingir zero
por cento da taxa de analfabetismo até 2024, número este impossível de
atingir, já que, em 2019, de acordo com Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (Pnad) divulgada pela Agência Brasil, a taxa era de 6,6%.
Para índice desta pesquisa, são consideradas as pessoas com mais de
15 anos e, para que esse número diminua, são necessários fortes investimentos na Educação de Jovens e Adultos com campanhas de resgate
àqueles que não tiveram oportunidade de ensino na idade certa.
Por conseguinte, ser alfabetizado em nosso país representa muito
mais do que se ter o domínio da leitura e da escrita, representa estar
dentro de uma das fatias privilegiadas socialmente, já que não lhe foi
negado o direito ao acesso ao ensino das letras. Privilégio este, maior
ainda, para aqueles que tiveram oportunidade de acesso e de permanência na educação básica. Frente a isso, nos cabe sermos gratos e conscientes de que o nosso direito à educação foi preservado e, na medida
do possível, buscarmos maneiras de agir a favor da mudança do cenário
de analfabetismo do nosso país. Não apenas para a melhoria dos índices
nacionais perante às organizações mundiais, mas, principalmente, para
que para esses milhões de brasileiros passem a enxergar o mundo com
a clareza das letras e possam recuperar, ainda que tardiamente, seus
direitos à educação.