Dezembro, 2020 - Edição 262

Por que choro?

No século XV, Diego López de Haro
Em um lamento versejou:
“no lloro por los amores
bordados de disfavores
nacidos para olvidar”.
Por que choro
se
as lágrimas que tenho vertido,
os soluços desprendidos
de meu peito dolorido
creio ouvi-los
no jorrar do temporal
no uivar do vento
no rugido do mar?
Por que choro
se
no mar,
no céu,
no ar
palpita a minha dor,
enquanto a terra guarda
a incógnita do silêncio?
Por que choro
se
a dor se reflete no cosmo
e não mais me pertence?
Se no éter a dor se diluiu,
esqueçamo-la.
Então, por que choro?

Por Ester Abreu Vieira de Oliveira - presidente da Academia Espírito-santense de Letras