Novembro, 2020 - Edição 261

O Pai

Nossa mão pequena
em sua mão,
semente no fruto
ou fruta em seu cacho.
Nossos brinquedos
cabiam
em seus sapatos.
O pai tem gestos brandos
e olhar incisivo.
Quando o pai sorri,
o sol se impõe
sobre a neblina.
O pai não teme a treva
nem os barulhos
do pátio.
Na ausência do pai,
as portas
têm tramelas. O pai é o pai.
O pão e o vinho
na cabeceira da mesa.
Com a camisa suada
regressa o pai
com seus humildes presentes.
Um dia nossas mãos
sustentam o corpo do pai
que viaja sem malas
ou regresso.
Só nos resta
tomar a mão de nossos filhos
e seguir
a trilha curva do tempo.

Por Luiz Coronel - Escritor, compositor e publicitário gaúcho, nascido em Bagé, em 16 de julho de 1938.