Novembro, 2020 - Edição 261

Dois poemas para novembro – Mês de Finados

Que doloroso é o tempo!
Encontro por toda parte
palavras e imagens perdidas:
no leito que me acolhe
nas flores que cultivo,
no lidar cotidiano,
nos pássaros que sobrevoam e nos que nadam,
nas horas que circulo navegando
entre os dominadores da vida,
margeando o vivo mar espumante.
Em toda parte há um ensinamento
e uma carícia perdida...
Mas onde está o perfume do calor de suas mãos?
Por que tudo se esvai nos caminhos deste náufrago desamparado
sob um céu tormentoso?
E... nada na minha vida se interrompe,
enquanto esse sal, que amargo se derrama,
cobre-me, encharca-me e enlameia-me
na dúvida de desconhecer se o amor foi excluído.



O que é a vida?



Um percorrer insano:
duplicidade de
palavras
silêncios
sonhos
realizações
carícias
amor.

O que é a morte?



univocidade de
pensar
sofrer
lembrar
esquecer
amar.

Por Ester Abreu Vieira de Oliveira - Presidente da Academia de Letras do Espírito Santo.