Novembro, 2020 - Edição 261
A educação profissional vista por dentro
Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um
homem mau, examina-te a ti mesmo. (Confúcio)
Aqueles que lidam com a educação profissional em qualquer nível
têm sempre presente o enfrentamento de desafios tendo em conta a natureza do modelo educativo adotado e as dificuldades próprias de aprendizagem dos jovens e adultos em busca de empregos imediatos.
Que conhecimentos são necessários definir e em que níveis para a
formação de profissionais com atribuições distintas no arcabouço da organização empresarial?
Uma outra questão mais complexa relaciona-se com a exemplificação
de condutas, comportamentos e atitudes que contemplem com êxito o processo formador do caráter, da identidade, da cidadania e da integridade dos
concluintes.
Que meios poderão ser utilizados para informar com clareza o que
vem a ser uma atitude ética, uma decisão coerente, uma resposta honesta
a uma consulta? Que compromissos socioambientais devem os concluintes
dos cursos assumir?
E as habilidades manipulativas ou mesmo o desenvolvimento do
raciocínio lógico e da criatividade para trabalhadores qualificados, como
conseguir resultados satisfatórios do desempenho dos alunos?
Na verdade, são desafios que a pedagogia enfrenta nem sempre com
sucesso.
Técnicas de avaliação do desempenho requerem conceitos prévios sobre eficiência, produtividade e avaliação comparativa
(benchmarking). Para tanto, é necessário definir e distinguir cada conceito.
Alguns autores conceituam a produtividade como a razão entre o que
foi produzido e o que foi gasto para produzir. Outra definição para auxiliar
nesse conceito é que a produtividade pode ser conceituada como a relação
entre a quantidade de bens ou serviços gerados e a quantidade de recursos
consumidos para gerá-los num mesmo período de tempo.
A eficiência é a comparação dos resultados alcançados com os
recursos utilizados. Quanto mais resultados obtidos para uma determinada quantidade de recursos disponíveis maior a eficiência
organizacional. Autores conceituam que a eficiência compara o que foi produzido, dado os recursos disponíveis, com o que poderia ter sido produzido
com os mesmos recursos.
A avaliação comparativa (benchmarking) pode ser definida como
um processo contínuo e sistemático utilizado para investigar o resultado
(em termos de eficiência e eficácia) de unidades com processos e técnicas
comuns de gestão. É um parâmetro de comparação entre o desempenho de
empresas, processos, produtos, serviços e práticas.
É fundamental estabelecer as distinções que o processo educativo
oferece e as que o mercado de trabalho demanda, além de promover o ajuste
adequado para que se alcance o desempenho necessário dos entes sociais
educação e trabalho.
As pesquisas de Allen & Richard, nos anos 1950, propiciaram a elaboração da fórmula da eficiência do trabalhador onde E = r (H; C; A; P;), onde H
= Habilidades; C = Conhecimentos; A = Atitude; P = Curiosidade Científica
para Pesquisa são atributos essenciais que conferem uma proposta que conduz à distribuição percentual do peso das participações a serem adotadas
no referido ajuste.
O mercado de trabalho demanda qualidade pela via da eficiência, da
produtividade, da avaliação comparativa (Benchmarking) e do compromisso socioambiental dos recursos humanos envolvidos.
O processo educativo oferece competências e certificação, em que
devem ser observados os atributos essenciais para a concepção do processo
formativo, a saber:
Os trabalhadores qualificados que representam 13% do mercado de
trabalho se definem na fórmula de A&R com pesos percentuais de H = 50%;
C = 30%; A = 20%, segundo pesquisas realizadas junto às empresas empregadoras.
Os técnicos de nível médio, que representam 6% do mercado de trabalho, apresentam-se na fórmula com H = 20%; C = 40%; A = 40%.
Os tecnólogos, 1 % do mercado de trabalho, com H = 10%; C = 50%; A
= 40%.
Os profissionais de nível superior, 2% do mercado de trabalho com C
= 70% e P = 30%.
Poder-se-ia classificar ainda os semiqualificados com 80% de H e 20%
de A e os braçais com 90% de H e 10% de A.
Estabelecidos os perfis dos atributos, a concepção das competências passa pela educação básica, pela educação de jovens e adultos,
presencial e a distância e pela educação profissional em cursos de iniciação profissional e de educação continuada para trabalhadores
qualificados, semiqualificados e braçais associados a cursos técnicos para as
habilitações técnicas.
O mesmo se dá com o ensino superior para os tecnólogos e profissionais de nível superior.
A organização dos currículos e do material didático obedecendo
ao arranjo das competências e dos níveis de aprofundamento, os
professores e instrutores sendo capacitados em programas de treinamento
específico, as instalações (salas de aula, oficinas e laboratórios) construídas
ou adaptadas às necessidades previamente identificadas, máquinas e equipamentos, as bibliotecas com acervos adequados e os ambientes para as atividades extraclasse, eis o projeto de uma educação profissional de qualidade
com possibilidade de êxito em sua proposta.
Como apoio, ações de relacionamento com empresas para
estágios durante e empregos ao final dos cursos, orientação profissional especializada e serviços informatizados de secretaria compõem o
quadro administrativo desejável.