Setembro, 2020 - Edição 259
Dia do escritor
Esta coluna, não diria crônica, é para Matusahila Santiago, in
memoriam. Nos dias que passaram, em 20 de julho, tivemos o dia do
amigo, da amizade; de Santa Maria Madalena, amiga de Jesus, tantas
vezes erroneamente interpretada: em 22, a reconstrução da face de
Santa Maria Madalena, equipe que coordenei, em 2015, tendo à frente o
designer 3D Cícero Moraes, promoveu, também, a possibilidade de uma
revisão histórica da santa a partir dos evangelhos. No dia 25 de julho,
foi o Dia Nacional do Escritor, instituído, na década de 1960, por portaria do extinto Ministério da Cultura, em alusão ao primeiro Festival
do Escritor Brasileiro, promovido pela União Brasileira de Escritores. O
objetivo deste dia é despertar o interesse pela literatura nacional e apresentar obras de autores e autoras já consagrados junto a novos talentos.
E quantos escritores e escritoras poderíamos destacar neste dia?
Muitos... Alencar, Machado, Rachel, Capistrano, Olinto, Nélida, Sadoc
de Araújo, Guimarães, Natércia, Moreira e grande elenco. Também os
jovens escritores Léo Prudêncio, Mailson Furtado e tantos outros talentos, alguns guardados em gavetas, mas com talento imensurável. E não
posso deixar de citar os consagrados poetas Gerardo Mello Mourão,
Adélia Prado, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Jáder de
Carvalho, Osvaldo Chaves, Ximenes e o trem e tantos e tantos artífices
da poesia que cantaram dores, alegrias, amores e desilusões, pois que,
embora não brasileiro, Fernando Pessoa dizia que “o poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que
deveras sente”.
E o que diríamos de quem nasceu no dia nacional do escritor?
Falo do Poeta Maior do Ceará, Artur Eduardo Benevides, o Príncipe dos
Poetas Cearenses, nascido em 25 de julho de 1923, em Pacatuba (CE).
Artur disse, em verso, “Ai, deixa-me, pois ser apenas um poeta!/ O que
fui, até hoje, de alma repleta”. E foi poeta de alma repleta até seu último
suspiro, dado em 21 de setembro, nas vésperas da primavera de 2014.
Tive a honra de biografar o Príncipe Artur no livro O Poeta do Ceará:
Artur Eduardo Benevides. Eu era quase um menino. Aproximei-me do
poeta, tornei-me seu biógrafo e seu amigo. Era homem clássico, culto,
sério e poeta terno, apaixonado por sua musa e pelo sagrado, buscava
entender os mistérios e escreveu contos de mistério.
Poucos dias após seus 90 anos, fui fazer-lhe uma visita e perguntei
se ele estava escrevendo algo. Sua resposta deu origem a um pequeno
poema, de minha autoria, em sua homenagem: Escrever é um vício/
Assim responde o Poeta ao Estudante/ Que indaga:/ O Senhor está
escrevendo?// Artur, Artur Eduardo Benevides/ Poeta dos poetas e do
Ceará/ Tua poesia, teu vício, é sublime.// Que a vida nos oportunize/
Versos teus, para tua musa,/ Para amenizar aquela “coisinha” pequena/
Que sentias em Rosário (AR)/ E te fez retornar ao teu Ceará;/ A saudade,
pois, em poesia// Conforme afirmas,/ O que não for saudade é liturgia!/
Liturgia dos teus 90 anos!
Tentei concluir com versos de Madre Maria José de Jesus, a futura santa, filha de Capistrano de Abreu, cuja poesia era apreciada por
Manuel Bandeira, mas, não encontrei. Biblioteca dividida em três lugares, dá nisso. Aplausos ao escritor brasileiro, em seus livros, seus versos,
suas paixões!