Julho, 2020 - Edição 257
Planejamento Educacional
Na Grécia Clássica, o uso da razão, da inteligência crítica, promoveu o
desenvolvimento individual, o qual era capaz de criar leis humanas que estariam
ligadas ao destino dos cidadãos homens livres. A educação grega centrava-se na
formação integral, corpo e espírito, que deslocava sua ênfase conforme a política
da época ou local. Inicialmente, a educação era ministrada pela família. Com a
criação das polis (cidades-estado), começaram a ser criadas as primeiras escolas.
Com os sofistas, teve início o ensino considerado superior na Grécia antiga. Eles eram professores que percorriam as cidades, ensinando as ciências e
artes, de maneira sistemática e prática, principalmente a eloquência, em troca
de pagamentos por seus trabalhos intelectuais.
O Planejamento Educacional é desta época – século IX a.C. – e pelos seus
objetivos permitia uma educação militar espartana e uma distinta, cultural e
social, ateniense.
A existência de uma política educacional é sintoma da importância que
as sociedades atribuem aos governantes, como sua responsabilidade na construção de uma cidadania, devido ao fator de centralidade política e social que
representa.
Assim foi com Rousseau, no Iluminismo, com Napoleão e sua proposta
francesa de educação pública, com Dewey com a sua proposta democrática conservadora, com Marx e a formação da classe trabalhadora segundo a politecnia
socialista ou com Augusto Comte, na educação burguesa totalitária conformista
e tantas outras, distintas na sua concepção, mas reveladoras da centralidade
orgânica indispensável.
No Brasil, nos anos 1960, algumas modalidades foram tentadas sem maior
sucesso. A educação brasileira, em consequência, agoniza há muitos anos, em
leis, decretos, portarias e deliberações que se sucedem, acompanhadas de planos
nacionais e estaduais que se constituem num amontoado de propostas, a maioria sem condições de serem aplicadas.
Um ensino médio sem razão de ser, que conduz a um abandono de 50%
dos jovens em idade escolar correspondente e, quanto aos que restam, apenas
10% prosseguem de algum modo os seus estudos.
O ensino técnico, atualmente, objeto de entusiasmadas argumentações
governamentais, carece de autonomia e subordina-se, em parte, às conclusões
dos currículos do ensino médio, que em nada contribuem para a formação dos
seus raros candidatos que, ao contrário, são obrigados a cursarem cinco anos, no
mínimo, para ingressarem no mercado de trabalho.
O ensino superior, tendo como possíveis candidatos a sobra do ensino
médio, contempla cerca de 3% de estudantes bem preparados, ingressando em
instituições de ensino públicas e 5% em instituições privadas. Observe-se que a
maioria tem formação média deficiente e não tem identificação com as demandas do mercado de trabalho, além de serem responsáveis pelas elevadas taxas de
evasão.
Tais fragilidades das políticas governamentais revelam carências decorrentes da ausência de estudos e análises econômicas e sociais que deveriam sustentar os planos e o planejamento educacional de médio e longo prazo, ao lado
de estudos de educação comparada, assimilando experiências internacionais de
sucesso.
A planificação da Educação articula as ações necessárias ao desenvolvimento do sistema de ensino com as necessidades do desenvolvimento global e
fixa as condições que assegurem um processo contínuo de inovação e melhoramentos de todo o conjunto de fatores que determinam a eficácia do sistema, tais
como estrutura administrativa, pessoal, conteúdo, dentre outros aspectos.
Houve época em que planejar a educação era levada a sério. Quem sabe
ainda retomaremos o princípio de que o planejamento educacional poderá recolocar a nossa educação como prioridade.