Junho, 2020 - Edição 256
Hélio Dórea: recorde mundial no jornalismo
Considerado o principal colunista social do Espírito Santo, o jornalista Hélio Dórea completa, este ano, 65 anos de colunismo diário. Assim
que passar o período de isolamento social, imposto pela pandemia do
COVID-19, não faltarão motivos para festejar. Trata-se de um recorde
mundial batido por esse capixaba (de coração), cujo fôlego é invejável.
A família e os amigos já estão se preparando para celebrar, também, os
60 anos de casamento com a bela Regina, que serão completados em
dezembro e, em 2021, os 90 anos de idade (no dia 26 de abril).
Nascido em Feira de Santana, na Bahia, Hélio – carinhosamente
chamado de “Baiano” pelos amigos – mudou-se para o Espírito Santo
aos 21 anos. Foi cursar odontologia. A intenção era voltar para Salvador
depois de formado dentista
O início no jornalismo foi inesperado. Em 1955, o “Baiano” foi
convidado a escrever no jornal O Diário, para substituir um amigo, que
havia se mudado para o Rio de Janeiro: “A minha ideia era ficar na coluna até terminar a faculdade de odontologia. Formei-me em dezembro
daquele mesmo ano, mas continuei no colunismo social e em Vitória,
onde estou até hoje”, lembra-se com o sorriso largo, que lhe é característico.
co.
A atuação de Hélio Dórea no jornalismo capixaba foi determinante para a história da imprensa local. Em 1961, passou a fazer parte do
jornal A Gazeta, onde permaneceu até 2003. Foram 41 anos ininterruptos num só jornal, um recorde nacional.
Dórea foi um dos fundadores do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Estado. Criado oficialmente em 1979, o embrião da
entidade começou a ser gestado por volta de 1955. Visionário, foi também o criador do primeiro suplemento de jornal, no Espírito Santo:
“Criei o caderno O Semanário, publicado todo domingo, no jornal A
Gazeta. A intenção era fazer a integração do colunismo social de Vitória
com o do interior do Estado. Trazíamos também notícias de Guarapari,
Cachoeiro, Colatina, Conceição da Barra, São Mateus, Linhares e Barra
de São Francisco”, relata com orgulho.
O colunista foi também diretor da revista Capixaba, na década de
1960, e, durante o governo Christiano Dias Lopes Filho, de 1967 a 1971,
exerceu o cargo de chefe do Cerimonial do Palácio Anchieta.
ceu o cargo de chefe do Cerimonial do Palácio Anchieta.
Além de ser o colunista social há mais tempo em atividade no
mundo, sua colaboração foi fundamental para a criação do curso de
Comunicação Social na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),
em 1975: “O curso de Comunicação da UFES foi criado a partir de uma
campanha que eu organizei. Na época, não havia jornalista diplomado
em Vitória. Todos eram autodidatas”, afirma.
O maior símbolo do colunismo social capixaba destaca-se, também, pela atuação que sempre exerceu em prol das atividades culturais
no Espírito Santo. Foi ele quem ajudou a captar recursos, entre outros,
para a reabertura do “Museu Solar Monjardim”. O casarão, tombado pelo
Patrimônio Histórico em 1940, após obras de recuperação, foi requalificado e renomeado pela então Fundação Nacional Pró-Memória, em
1980.
O intercâmbio da sociedade capixaba com a nata social, política
e cultural do país acompanha as prioridades do jornalista. Entre outras
promoções de destaque, lembra o Baile Oficial das Debutantes do
Brasil: “Todo ano, o hotel Copacabana Palace promovia esse baile, de
projeção nacional. Era eu quem elegia as jovens capixabas para debutar”, orgulha-se.
Autor do livro Gente Bacana, lançado em 2010, o colunista vendeu mais de mil exemplares
no dia do lançamento. Na ocasião, em que comemorava os 55 anos de jornalismo, o governador Paulo Hartung
declarou: “Hélio Dórea sempre utilizou o espaço da sua coluna para
fazer o bom jornalismo, destacando as boas iniciativas do Espírito
Santo, com notas de boa qualidade e em primeira mão.”
A história do jornal Folha Vitória, o primeiro on-line do Espírito
Santo, também não pode ser contada sem a presença de Hélio Dórea.
Sua coluna está no ar desde a criação da plataforma, no dia 10 de maio
de 2007: “Tive a honra de ser convidado pelo Fernando Machado (diretor-geral da Rede Vitória) e pelo Américo Buaiz Filho (presidente do
Grupo Buaiz) a participar dessa equipe e aceitei na hora”, destacou com
o mesmo otimismo e alegria que nortearam toda a sua vida, levando-o
a não temer o desafio imposto pelo jornalismo digital. A aposta foi, mais
uma vez, acertada: com 13 anos, o jornal on-line Folha Vitória atingiu a
marca de mais de 30 milhões de páginas vistas
Tanto talento fez do colunista um recordista, igualmente, em títulos de cidadania. Só no Espírito Santo, são mais de 40. Há 59 anos casado com Regina Brotto Dórea, Hélio é pai de três filhos (Miguel, Hélia e
Helina), avô de 11 netos e bisavô de um bisneto. Como se pode perceber
pela trajetória de conquistas, esse baiano “bacana” (adjetivo mais usado
em sua coluna) é um colecionador de “vitórias”.