Abril, 2020 - Edição 254

Homenagem a Malaca Casteleiro

Morreu no dia 7 de fevereiro, aos 83 anos, o linguista português João Malaca Casteleiro (1936-2020), coordenador científico do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa. Figura central do novo Acordo Ortográfico, Malaca morreu no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado.

No Acordo Ortográfico, o linguista defendeu que a unificação do português era uma medida de pragmatismo que visava, acima de tudo, promover a língua portuguesa no mundo, ao mesmo tempo que facilitaria “a comunicação entre os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”. Em 2008, afirmou em entrevista ao jornal O Público que no “plano da lusofonia interna é lamentável que não exista um acordo”, argumentando que a língua portuguesa “é a única com duas variantes que têm de ser traduzidas nas Nações Unidas”.

Apesar das polêmicas que enfrentou, recusou voltar atrás, mantendo-se como defensor do Acordo, do qual foi o principal responsável da Academia das Ciências de Lisboa, pela elaboração do documento e autor do anexo de seis páginas que o encerra, acreditando que poderia “fortalecer a lusofonia” e “promover o idioma em todos os países” e organismos internacionais.

Natural de Teixoso, Covilhã, licenciou-se em Filologia Românica em 1961, tendo obtido o doutoramento pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1979, com uma dissertação sobre a sintaxe da língua portuguesa. Professor catedrático naquela faculdade desde 1981 e membro da Academia das Ciências de Lisboa, foi também diretor de investigação do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa. Conselheiro científico do Instituto Nacional de Investigação Científica, presidiu o Conselho Científico da Faculdade entre 1984 e 1987. Foi ainda presidente do Instituto de Lexicologia e Lexicografia entre 1991 e 2008. Em 2001, foi feito grande-oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

No próximo dia 5 de maio, no Dia Mundial da Língua Portuguesa, o acadêmico António Valdemar, colaborador do Jornal de letras, vai realizar uma intervenção de evocação a Malaca Casteleiro.

O Editor