Vê, estão voltando as flores!


O título é uma referência à música “Estão voltando as flores”, de Paulinho Soledade, composta após superar uma cirurgia de alto risco. Consagrada na voz melodiosa de Helena de Lima, a poesia da letra apresenta um novo olhar sobre a vida, a beleza da natureza, a esperança. Que os mais jovens procurem conhecê-la. Que esse novo momento também possa encher o nosso coração de esperança e que a vida se transforme para melhor! Tudo o que sei sobre alfabetização aprendi com a educadora Magda Soares e, por essa razão, repudiei um plano de alfabetização rasteiro, sem fundamentos reais, que regredia ao método fonético, felizmente já abandonado. Em seus estudos, Magda Soares destaca o conceito de letramento, com o desenvolvimento de habilidades que possibilitem ler e escrever de forma adequada e eficiente, ideia que amplia o conceito de alfabetização. A professora, que faleceu no dia 1º de janeiro, aos 90 anos, criou o Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da UFMG e recebeu em 2015 o mais importante prêmio da área de ciência e tecnologia do país, o almirante Álvaro Alberto, concedido pelo CNPq. (Publishnews, 03/01/2023) As inúmeras obras de Magda Soares continuarão a orientar professores e pesquisadores, principalmente no momento da retomada da prioridade da alfabetização e da educação básica para recuperar o que foi perdido com a pandemia e o descaso. Venho insistindo no sentimento de esperança e reafirmo que já é possível visualizar aspectos positivos na Educação e na Cultura. O mercado editorial reage positivamente, as editoras ampliam a produção, encontros, debates, clubes de leitura se multiplicam e novas livrarias abrem as portas! Novas leituras! Novos bons tempos!

Quando um autor me envia um texto, acabo por me tornar também um pouco “mãe” e, se não consigo editá-lo, fico torcendo para que outro editor se sensibilize como eu. Felizmente isso já aconteceu com histórias que passaram por mim e ganharam vida em várias editoras. Alguns exemplos: As Aventuras de Gulliver em Lilliput, adaptação do Leo Cunha e ilustrações de Sidney Meireles (Tribos); A Turma do Ferrinho, do Rogério Andrade Barbosa, ilustrado pela Marilda Castanha (Globinho); A Grande Convenção dos sapos, do Leo Cunha, com ilustrações do Ivan Zigg (Globinho), O rei de Amaurotum, da Flávia Côrtes (Brasil). Agora acontece com A Coleção de Chapéus Fntásticos, do Alexandre de Castro Gomes, com ilustrações da Chris Alhadeff. A querida Lourdinha Mendes (LÊ) deu vida a essa história afetuosa de despedida e de vida, em que a menina recebe da bisavó a sua coleção de chapéus, cada um com uma história, de uma vida bem vivida!

Samambaia Canibal – Já comentei por aqui que a capacidade criativa de autores às vezes me surpreende. O querido Tiago de Melo Andrade (ilustrações de Amanda Lobos – Escarlate) conta uma história incrível, criativa, repleta de referências e insinuações que nos prendem do princípio até a última página. Uma pesquisa escolar se transforma numa grande confusão. Como essa história vai terminar? Que ocupação verde é essa? Quem é Caetano? E o parangolé? Que magia do nosso folclore passa por essa aventura? Esse livro trabalhado em sala de aula vai gerar inúmeras pesquisas, descobertas, reavivar histórias e eventos culturais. Um achado!



O Mistério de Todas as Coisas – Com poemas de Marcelo Maluf e ilustrações divertidas de Biry Sarkis (Abacatte), a obra apresenta mistérios, medos, descobertas, sustos e situações inusitadas que por certo irão divertir a garotada.



Entre Sonhos e Dragões – Adriana Carranca (Companhia das Letrinhas) descreve a guerra e o domínio de ideias obscurantistas como uma história de contos de fadas, o que permite que as crianças compreendam os seus horrores e consequências. Descrever a opressão do Talibã e a situação das mulheres no Afganistão atual apenas nos torna conscientes de ações já apresentadas pela imprensa. Agora mesmo as jovens foram proibidas de voltar às universidades. Com a biografia de três jovens afegãs: Shamsia (a primeira grafiteira afegã), Meena (violoncelista) e Sadaf (lutadora de boxe) e a beleza das ilustrações de N. N., artista iraniana, a autora nos coloca como participantes dessa luta real pela realização profissional das mulheres e pela paz. Lindo livro!

Será que a Terra Sente? – As belas ilustrações de Marc Majestic e pequenas frases, vão nos conduzindo à percepção da Terra como um ser vivente, que pulsa, sente e sofre com as agressões ao meio ambiente (tradução de Julia Bussius – Pequena Zahar). Diz o autor: “Esta é nossa única casa. Este é o momento de honrar o passado natural da Terra, de abrir nossos olhos para o presente e proteger o futuro daqueles que estão por vir. Quer me acompanhar?”